O idoso e os outros
Compromisso com o seu conforto

O idoso e os outros

A partir dos 65 anos, aproximadamente poderá existir uma diminuição do número de contactos sociais devido à entrada da reforma, preocupação de olhar pelos filhos, morte do cônjuge e de pessoas próximas. Com a entrada na reforma, verifica-se uma diminuição das redes sociais, relacionando-se com uma série de acontecimentos de vida característicos deste período. Estes dizem respeito a perdas significativas, que vão desde da alteração do papel profissional á perda de parentes e amigos próximos. (Fernandes- Ballesteros, 2002).

A entrada na reforma pode contribuir para a diminuição das relações com os colegas de trabalho, mas também para a alteração de estatuto na sociedade e, em alguns casos, uma diminuição do respeito e consideração por parte dos conhecidos (Araújo & Melo, 2011).

As relações sociais têm uma importância vital ao longo da vida de pessoas, contribuindo positivamente para a saúde em geral dos indivíduos, exercendo uma função protetora perante muitas doenças físicas e mentais (Fernandes- Ballesteros, 2002). 

Por isso, ter uma vida ativa, antes e após a reforma, criar interesses por determinados passatempos ou atividades, participar na vida cívica são algumas opções que ajudam a que os idosos permaneçam perfeitamente integrados na sociedade (Araújo & Melo, 2011).

A quantidade de relações não é mais importante que a qualidade, as pessoas com poucos familiares e amigos podem ter um bom apoio social (Araújo & Melo, 2011).

A família é a principal fonte de apoio para as pessoas mais velhas. Os cônjuges são, na maioria companheiros de longa data. Uma relação satisfatória ajuda os elementos do casal a ultrapassar melhor os momentos maus e bons da vida. Nesta fase, surge um sentimento de intimidade, de partilha, de pertença ao outro e de interdependência.

Os irmãos são uma fonte de apoio emocional e ajuda a vários níveis. O reviver das relações com os irmãos, está na base de grande satisfação, as relações tornam-se mais próximas, principalmente no caso de irmãs.

Os filhos adultos e os netos são uma fonte valiosa de ajuda. Os avós são uma importante fonte de sabedoria e companheirismo, símbolo de continuidade das gerações e de ligação com o passado.

Os amigos

Vários estudos têm demonstrado aspetos importantes sobre o papel que a amizade tem no dia-a-dia. As amizades são uma questão de escolha que resulta em companhia e divertimento. Os amigos são aqueles a quem podemos confiar pensamentos e sentimentos. Os estudos demonstram que as pessoas que mantêm amigos na terceira idade são mais felizes e saudáveis.

O número e o tipo de amigos que temos têm um impacto considerável na forma como se vive e na saúde física e mental. A relação entre amigos é diferente da relação entre família, uma vez que, não existe hierarquia de valores e papéis.

Os amigos por terem vivenciado as mesmas experiências geracionais, partilham as mesmas memórias. Na velhice tendem a permanecer as amizades mais longas e profundas, mas também são formadas novas amizades, usualmente com os vizinhos ou através da participação em atividades sociais.

As redes de vizinhança

A relação entre vizinhos é uma ligação mais distante que a amizade, baseando-se sobretudo em laços de proximidade. É uma relação mais prática, uma vez que os vizinhos podem prestar alguma ajuda.

Este apoio pode ser um mero gesto de solidariedade, mas reflete-se num sentimento de segurança, ligação e integração por parte da pessoa mais velha.

É importante valorizar aqueles que vivem ao nosso lado todos os dias, pois muitas vezes são aqueles que mais proximamente acompanham o nosso dia-a-dia.

Atividades de lazer

A participação em atividades de lazer e de recreação permitem a distração, promove o convívio e o aumento das relações. Contribuindo para a aquisição de novas aprendizagens, crescimento pessoal, sentindo-se mais participativo e integrado na sociedade.

As atividades devem ser sempre escolhidas tendo em atenção as características e preferências de cada um.

O contacto social com outras gerações permite envolver-se mais ativamente na sociedade e sentir-se valorizado. O convívio entre jovens e idosos permite a partilha de conhecimento, experiência e a aquisição de novas aprendizagens.

No convívio intergeracional é importante fazer e partilhar aquilo que se gosta, permitindo desfrutar da companhia e do crescimento junto de gerações mais novas.

Novas tecnologias

O acesso por parte da população mais velha às novas tecnologias, ainda é muito restrito. Apesar dos esforços por parte das instituições governamentais europeias e nacionais, no desenvolvimento de tecnologia adaptada à terceira idade, à analfabetização digital por parte da população idosa ainda é bastante significativa. Sendo que atualmente é essencial o uso de novas tecnologias para fazer atividades simples como marcar uma consulta ou até mesmo falar com os filhos e os netos.

Caso não possua computador em casa, pode-se ter acesso a um através de espaços públicos, como as bibliotecas municipais. Quando se usa um computador deve-se ter em atenção alguns cuidados que podem provocar danos físicos, como é o caso do sedentarismo, que que se passa muito tempo na mesma posição e os deficits visuais.

Solidariedade e voluntariado

Envolver em atividades de voluntariado e solidariedade é a opção mais adequada para quem pretende contribuir para a sociedade. Os idosos ao participar nestas atividades experiencia-se o sentimento de utilidade social, aumento da confiança, autorrealização e satisfação. Contribui ainda para uma melhor saúde física, autoavaliação positiva da saúde, menor risco para mortalidade e tratamento positivo para a depressão. Participar em atividades voluntárias, também, previne o isolamento e a exclusão social.

Universidades seniores

As universidades seniores permitem proporcionar aos mais velhos a possibilidade de aprenderem ou ensinarem e promover o convívio entre gerações. Nas universidades destinadas à terceira idade os cursos e as disciplinas dão importância à divulgação cultural e científica. Também existe aulas práticas como atividades recreativas como teatro, coro, grupos de dança e informática, passeios, visitas a museus, tertúlias, entre outros.

Ao participar numa universidade sénior tem inúmeros benefícios, permite atualizar o conhecimento, socializar, dissuadir alguns estereótipos que existem na sociedade sobre a velhice e integração do individuo na sociedade.

 

Fachada, M. O (2010). Psicologia das relações interpessoais. Edicões Sìlabo: Lisboa

Fernàndes- Ballesteroz, R. (2002). Vivir Vitalidad: Envejecer con los demás. Pirámide: Madrid.  

Ribeiro, O. & Paúl, C. (2011). Manual de envelhecimento activo. Lidel: Lisboa.

Artigos sugeridos

O idoso e a sexualidade
Alimentação e o idoso